NOTÍCIAS
20 DE ABRIL DE 2023
Iniciativas do CNJ são reconhecidas como boas práticas pelo sistema interamericano
O diálogo entre o sistema interamericano de Direitos Humanos e o Brasil tem resultado direto no fortalecimento da cultura dessa temática no país. Iniciativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – como a criação da Unidade de Monitoramento e Fiscalização das Decisões da Corte Interamericana (UMF) e o Pacto Nacional do Judiciário pelos Direitos Humanos –, figuram como exemplos de boas práticas no Judiciário brasileiro.
As questões foram discutidas no painel Sistema Interamericano e o Brasil: o trabalho da UMF/CNJ; e no painel Pacto Nacional do Judiciário, realizados durante o Seminário “Dignidade Humana – A Promoção dos Direitos Humanos e a Proteção às Diversidades e Vulnerabilidades nas Políticas e Programas do CNJ”, que aconteceu na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) nos dias 18 e 19 de abril, em parceria com o CNJ.
Segundo a coordenadora científica da UMF/CNJ, Flávia Piovesan, o sistema interamericano precisa da participação nacional para se efetivar e os países precisam do sistema para ponderar suas ações e/ou omissões, de forma que não voltem a ocorrer. A UMF age junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) como fonte independente de informações e marcou o compromisso do CNJ com a promoção dos direitos humanos e com o cumprimento das decisões do sistema interamericano.
Conforme dados apresentados pela coordenadora, a América Latina é a região mais desigual do mundo, tendo 33,7% da população local vivendo na linha da pobreza e quase 15% na pobreza extrema. Para ela, a pandemia de covid-19 agravou as desigualdades sociais, em especial para as mulheres indígenas e afrodescendentes em situação de vulnerabilidade. Além disso, 8% da população mundial estão na América Latina, que concentra 38% da taxa de homicídio mundial. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 42 estão na região.
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos tem papel relevante ao oferecer acolhimento das vítimas e lutar pela reparação integral dos danos. “A UMF tem permitido que a dor, o sofrimento e a injustiça tenham acolhida e que possamos avançar no resguardo da dignidade, do respeito, dos direitos e da justiça”, destacou Piovesan.
Atualmente, o Brasil tem 12 casos contenciosos na Corte IDH e mais de 140 casos pendentes “que focam na dor das vulnerabilidades”. Para Flávia Piovesan, o Brasil vem adotando uma série de práticas – entre elas o pacto nacional e a recente norma que obriga a inclusão de matéria de direitos humanos nos concursos da magistratura – que demonstram o compromisso do país em dar cumprimento às decisões e recomendações da Corte IDH.
Além disso, a UMF utiliza metodologia que inclui a oitiva das vítimas e seus parentes, planos de cumprimento, metas, transparência e accountability. “Um exemplo está demonstrado no sumário que lançaram sobre o caso do Povo Xucuru contra o Brasil na Corte IDH, que utiliza a metodologia pela prestação de contas”, afirmou. De acordo com ela, é fundamental mudar a cultura da prestação jurisdicional, a partir dos Direitos Humanos. “Com o apoio da Enfam, podemos contribuir com as capacitações, para que essa política seja capilarizada em todo o país, fortalecendo o diálogo no âmbito multinível.”
Para o juiz na Corte IDH Rodrigo Mudrovitsch, o sistema precisa ter a capacidade de dialogar com a realidade, condensando as decisões na reparação integral. “Não podemos deixar de contemplar o sofrimento de forma atemporal. Quando a Corte fixa as reparações, tem um olhar não retrospectivo, mas prospectivo, com cláusulas que transformam a sociedade por meio da garantia de não repetição.”
Para que isso ocorra, no entanto, é preciso ter apoio nacional, já que a complexidade da reparação não é apenas pecuniária, mas exige resposta ampla que contempla todos os aspectos do sofrimento que foram afetados pela postura estatal. “Estamos falando de mudanças legislativas, institucionais, cuidado especial das vítimas, até a construção de monumentos, se for o caso. Essas medidas também se dilatam no tempo”, explicou.
Pacto Nacional
Em relação ao Pacto Nacional do Judiciário pelos Direitos Humanos, o juiz auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Edinaldo César Santos Junior disse que a iniciativa tem o objetivo de fortalecer a cultura de direitos humanos no Poder Judiciário e informou que apenas nesta semana cerca de 40 tribunais aderiram ou estão em processo de adesão ao pacto.
Ainda destacou que a página do pacto, no portal do CNJ, disponibiliza acesso facilitado para as decisões da Corte IDH. “O objetivo é que circunstâncias de ação ou omissão que tenham acontecido no passado, não voltem a ocorrer. Que nenhum juiz ou juiza possa mais alegar ignorância sobre Direitos Humanos e que a indiferença do homem pelo outro não seja a tônica de qualquer magistrado ou magistrada brasileiros”.
O conselheiro Richard Pae Kim, que também representa o CNJ no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), destacou que toda a magistratura deve conhecer as normativas internacionais e utilizá-las em suas decisões. Nesse sentido, o CNJ tem atuado como articulador e fomentador das políticas e soluções para a judicialização. “É um dever esse conhecimento [das normas internacionais] e a quebra de algumas fake news: de que o Judiciário só conhece os direitos humanos dos condenados e não olha para as vítimas. O Judiciário deve conhecer e aplicar toda a legislação em prol de todos os cidadãos.”
Texto: Lenir Camimura
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Iniciativas do CNJ são reconhecidas como boas práticas pelo sistema interamericano appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
21 DE ABRIL DE 2023
Projeto do CNJ para implantar Justiça Restaurativa em escolas começa em Planaltina (DF)
A mais antiga região administrativa da capital federal protagoniza iniciativa inovadora, apoiada pelo Conselho...
Portal CNJ
20 DE ABRIL DE 2023
Iniciativas do CNJ são reconhecidas como boas práticas pelo sistema interamericano
O diálogo entre o sistema interamericano de Direitos Humanos e o Brasil tem resultado direto no fortalecimento da...
Portal CNJ
20 DE ABRIL DE 2023
Justiça do Trabalho do Ceará promove ação no Dia Nacional do Livro Infantil
Saímos sob chuva, por volta das 8h. “Qual o endereço?” indagou o comunicativo motorista Hélio. Rejane, a...
Portal CNJ
20 DE ABRIL DE 2023
CNJ divulga calendário das sessões ordinárias do 2.º semestre de 2023
Publicação no Diário de Justiça Eletrônico (DJe) de segunda-feira (17/4) estabeleceu as datas para as sessões...
Portal CNJ
20 DE ABRIL DE 2023
Até decisão do Plenário, CNJ suspende andamento do concurso para magistratura em Minas Gerais
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) suspendeu o andamento do concurso público de provas e títulos para ingresso...