NOTÍCIAS
30 DE AGOSTO DE 2023
Para especialistas, interação institucional é caminho para um Judiciário mais efetivo
Temas diversos, palestrantes diferentes e uma conclusão em comum: a cooperação judicial tem muito a contribuir para o aperfeiçoamento da Justiça brasileira. O segundo dia do Encontro Nacional de Magistrados de Cooperação e a Reunião dos Núcleos e Magistrados de Cooperação confirmou que, independentemente da natureza da causa, se criminal ou até mesmo trabalhista, a interação institucional é o caminho para o Poder Judiciário alcançar mais efetividade.
Na manhã desta terça-feira (29/8), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reuniu seis palestrantes, com perfis de atuação variados, em três painéis. As apresentações abordaram a proteção de crianças e adolescentes expostos a ameaças; o recambiamento de detentos; a gestão da competência por cooperação judiciária; a desjudicialização e os resultados da cooperação judiciária para as execuções em causas trabalhistas.
“A cooperação é um fator de governança, de gestão, de inteligência e nós, do Poder Judiciário, temos bases normativas para levarmos isso adiante”, comentou o conselheiro do Marcello Terto e Silva, que presidiu um dos painéis da manhã.
Fluxo decisório
O também conselheiro Richard Pae Kim, que preside o Fórum Naconal da Infancia e da Juventude (Foninj), esteve à frente dos trabalhos em painel que abordou a segurança de crianças e adolescentes alvos de ameaça. “Continuamos a tratar com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) para que o fluxo decisório de proteção de pessoas em condição de insegurança possa, efetivamente, gerar efeitos positivos”, explicou.
Presidente do Fórum Nacional da Justiça Juvenil e juiz auxiliar da Vara da Infância e Juventude de Jaboatão dos Guararapes (PE), Rafael Cardozo falou sobre os principais desafios na proteção dessas vítimas. O magistrado elencou as prioridades a adoção de rotina de fluxos para os períodos de transferências; a harmonização de rotinas, com garantia de sigilo e celeridade; e, por fim, a elaboração de um manual.
A respeito do trabalho para recambiamento de pessoas presas, o diretor de Políticas Penitenciárias do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) destacou a importância do compartilhamento de informações para a identificação e a gestão de detentos vinculados a organizações criminosas. Sandro Abel também citou a relação que mantém com instituições estrangeiras para a gestão dos 2.112 estrangeiros, de 86 países, que cumprem pena no país; e para acompanhamento da situação os 2.673 brasileiros condenados à prisão em 63 países.
Conflitos de competência
Professor de direito processual civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Guilherme Hartmann falou sobre a gestão cooperativa na perspectiva da competência adequada. “O foco deve ser evitar conflitos de competência”, recomendou. “A realidade impõe o processo cooperativo e a cooperação judicial tem muito a contribuir para um sistema judiciário mais fluído e eficiente”, comentou o acadêmico.
No painel que teve como tema as boas práticas em gestão de competência por cooperação judiciária, o procurador da Fazenda Nacional Murilo Avelino elogiou o papel do CNJ na busca e na identificação de experiências modelos e manifestou algumas preocupações. “Os tribunais precisam perceber que competência é distribuição de tarefas, portanto, é importante inserir nesse processo o juiz de primeira instância, valorizando a sua atividade e as suas respectivas competências.”
Coube a uma dupla de acadêmicas, as palestras do terceiro painel da manhã desta terça-feira (29/8). Responsável pela disciplina direito processual na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a professora Flávia Hill destacou a importância da cooperação institucional para incrementar a efetividade de um processo judicial. “A distância entre a teoria e a prática, na execução, é muito grande, mas, tenho certeza que, com fóruns como esse, nós nos agigantaremos para o enfrentamento das dificuldades para execução”, manifestou.
Também professora da UERJ, Carolina Tupinambá destacou na sua palestra especificidades da Justiça do Trabalho em relação à cooperação judiciária e citou dispositivos legais, de 1939, e de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que previam a reunião de execuções. “Com um cenário normativo relativamente pobre e com muitas válvulas de escape para um ambiente mais criativo e mais audacioso, a Justiça do Trabalho se fez numa máquina que conseguiu estar na frente em termos de efetividades e execuções”, concluiu.
Texto: Luís Cláudio Cicci e Margareth Lourenço
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
The post Para especialistas, interação institucional é caminho para um Judiciário mais efetivo appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
10 DE OUTUBRO DE 2023
Boas práticas aperfeiçoam atividades do Judiciário no eixo criminal e socioeducativo
Três experiências bem-sucedidas voltadas a adolescentes em conflito com a lei e outra desenvolvida para atender...
Portal CNJ
10 DE OUTUBRO DE 2023
Nova atualização das TPUs incluiu movimentos de processos referentes a atos infracionais
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) atualizou as Tabelas Processuais Unificadas (TPUs), criadas para padronizar os...
Portal CNJ
10 DE OUTUBRO DE 2023
Justiça eleitoral inicia 7ª edição do Teste Público de Segurança da Urna 2023
Até sexta-feira (13/10), os pré-inscritos no Teste Público de Segurança (TPS) da Urna 2023 participam da...
Portal CNJ
10 DE OUTUBRO DE 2023
Abertas as inscrições para o 6º Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros
O 6º Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (Enajun) e o 3º Fórum Nacional de Juízas e Juízes contra o...
Portal CNJ
10 DE OUTUBRO DE 2023
Justiça maranhense promove capacitação sobre entrega voluntária para adoção
A Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (CIJ-TJMA), em parceria com...