NOTÍCIAS
26 DE OUTUBRO DE 2023
Comitê busca integrar Judiciário e Executivo em ações da Política Antimanicomial
Sob uma perspectiva mais ampla e que considera os determinantes sociais da saúde e as necessidades de pessoas com transtornos mentais que tiveram passagem pelo sistema de justiça criminal, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou nesta terça-feira (24/10), a primeira reunião do Comitê Interinstitucional de Implementação e Monitoramento da Política Antimanicomial do Poder Judiciário em Interface com as Políticas Sociais (Conimpa). O colegiado conta com a adesão de ministérios e reuniu profissionais e técnicos ligados principalmente às áreas social, de segurança pública, de trabalho e emprego, de cultura, de direitos humanos e de saúde, inaugurando nova fase na implantação da política antimanicomial de caráter interinstitucional.
O juiz Luís Lanfredi, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), presidiu a reunião e destacou a relevância do tema e a importância do engajamento intersetorial a respeito dos desafios que a saúde mental encerra, enquanto pauta inerente à proteção e fortalecimento de direitos humanos no país, uma das diretrizes do presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso. Segundo Lanfredi, a aposta no fortalecimento e afirmação da Reforma Psiquiátrica é um desdobramento concreto e ao mesmo tempo um paradigma inspirador da primeira condenação do Brasil perante a Corte IDH. “Sem dúvida, trata-se de um movimento extremamente importante não apenas para o Poder Judiciário ou o Poder Executivo, mas para o país, na medida em que qualifica as intervenções na saúde e reforça os estandares de dignidade e respeito à pessoa que precisa de atenção, cuidado e tratamento específicos, sobretudo as que vivenciam o conflito com a lei”, declarou.
Juntos, os dois Poderes irão trabalhar para a consolidação de uma política humanizada para um melhor e mais qualificado cumprimento das medidas de segurança. Pela primeira vez, o Judiciário passou a discutir a implementação do assunto conjuntamente com o Ministério da Saúde e sob uma ótica social. A adesão dos ministérios ao comitê reforça e consolida a política. “A pauta fala sobre saúde, assistência social, igualdade racial, trabalho, emprego, segurança pública e cultura. Estamos todos envolvidos nessa construção. E todos têm a contribuir para uma realização integral da pessoa humana”, pontuou Gabriel Mattos, juiz auxiliar da Presidência com atuação no DMF.
O foco inicial de trabalho do Judiciário tem sido a desinstitucionalização das pessoas inseridas nos hospitais de custódia. No entanto, o entendimento do comitê é que o trabalho deve analisar todas as etapas vividas pelas pessoas com transtorno mental egressas desses hospitais, bem como daquelas que chegarem à porta de entrada do sistema de justiça criminal. Para isso, estão sendo avaliadas as audiências de custódia, os projetos de prevenção e de inserção das pessoas com transtornos mentais em programas de economia solidária e de saúde, entre outros. “A Política Antimanicomial nos obriga a pensar em uma ação coordenada para que essa situação possa ser vencida com responsabilidade, inovação, garantia de direitos humanos e, portanto, efetividade”, acrescentou o juiz auxiliar da Presidência Jônatas Andrade, também atuando junto ao comitê.
As pastas que ratificaram participação no comitê foram convidadas a apresentar, nas próximas reuniões, propostas de envolvimento na política. Os integrantes do grupo se debruçaram ainda em realizar um diagnóstico dos planos estaduais e distrital de implementação da Política Antimanicomial que estão em andamento sob a gestão dos tribunais estaduais. O panorama dessa realidade deve fornecer ao comitê subsídios para a compreensão dos desafios enfrentados pelas cortes e redes do Executivo na execução da política, bem como insumos para a elaboração de Plano Nacional de Implementação e Monitoramento da Política Antimanicomial.
Conimpa
Entre os órgãos convidados para integrar o Conimpa, nesse momento, estão o Ministério da Saúde, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério das Mulheres, o Ministério da Cultura, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Ministério do Trabalho e Emprego. Além do corpo técnico do programa Fazendo Justiça, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para acelerar transformações no campo da privação de liberdade.
A expectativa é que seja editada uma portaria do CNJ para instituir o Conimpa. O objetivo é apoiar e monitorar o processo de implementação da Política e desinstitucionalização nos estados. O grupo deve se reunir regularmente, sempre na última segunda-feira de cada mês. A próxima reunião está prevista para o dia 27 de novembro.
Texto: Ana Moura
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
The post Comitê busca integrar Judiciário e Executivo em ações da Política Antimanicomial appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
03 DE AGOSTO DE 2023
Varas criminais do Pará participam de Mutirão Processual Penal até 25 de agosto
As varas criminais do Poder Judiciário do Pará realizam, até o dia 25 de agosto, o Mutirão Processual Penal....
Portal CNJ
03 DE AGOSTO DE 2023
Prioridade do acolhimento familiar será tema de seminário no CNJ
Com o “2.º Encontro do Sistema de Justiça: a prioridade do acolhimento familiar”, o Conselho Nacional de...
Anoreg RS
03 DE AGOSTO DE 2023
Colégio Registral RS – INSCRIÇÕES ABERTAS para a próxima Caravana Registral, dia 26 de agosto, em Vila Flores
A próxima Caravana Registral do Colégio Registral do Rio Grande do Sul já tem data marcada para acontecer: dia 26...
Anoreg RS
03 DE AGOSTO DE 2023
Artigo: A proteção internacional ao direito à moradia – Por Robson Martins e Érika Silvana Saquetti Martins
O lar para o ser humano é algo indispensável para a concretização da dignidade de qualquer pessoa, à sua...
Anoreg RS
03 DE AGOSTO DE 2023
Imóvel alienado não pode ser penhorado em execução de débito condominial do devedor fiduciante
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o imóvel alienado fiduciariamente não pode ser...