NOTÍCIAS
08 DE SETEMBRO DE 2023
CNJ lança publicação para fortalecer equipes interdisciplinares do Poder Judiciário
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou na quarta-feira (6/9) a publicação “Equipes Interdisciplinares do Poder Judiciário: Levantamento Nacional e Estratégias de Incidência”. O documento reúne boas práticas e estratégias para qualificar e fortalecer o trabalho dessas equipes nas áreas da execução penal, de alternativas penais e de execução de medidas socioeducativas, além da aproximação com as equipes dos Grupos de Monitoramento e Fiscalização dos Sistemas Carcerário e Socioeducativo (GMFs) dos tribunais.
As equipes interdisciplinares são compostas por profissionais de diferentes especialidades, trajetórias e formações. Elas atuam no atendimento direto às pessoas em processos de execução penal, de penas e medidas alternativas e de medidas socioeducativas, assim como de suas famílias, e são fundamentais para a garantia de uma abordagem humanizada e digna nos espaços de justiça. Elas atuam, ainda, na identificação de vulnerabilidades e eventuais ocorrências de violação de direitos, além de fornecerem pareceres técnicos para auxiliar decisões de magistrados e magistradas, com análises especializadas baseadas na área de conhecimento de cada um.
“O trabalho das equipes interdisciplinares, a partir da compreensão do ofício desses profissionais e dessas profissionais, vem para contribuir com retornos e recomeços, no desenho de novas trajetórias de vida”, destacou o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ, Luís Lanfredi, na abertura do webinário realizado na quarta-feira (6/9) para apresentar o produto.
Para o coordenador do DMF, embora as realidades observadas no território nacional sejam múltiplas e diversas – com condições díspares de trabalho, diferentes quantidades de pessoas, variadas infraestruturas, formações profissionais, cargos e qualificações -, a publicação buscou sistematizar as estratégias de incidência a partir de uma atuação crítica, uniforme e sensível, que atenda as particularidades de cada caso.
A publicação foi produzida entre as atividades do programa Fazendo Justiça, coordenado pelo CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e diversos apoiadores para acelerar transformações no campo da privação de liberdade. Lanfredi afirmou que o Fazendo Justiça fomenta um olhar atento para as equipes interdisciplinares. “O CNJ reconhece a importância de saberes que sempre estiveram marginalizados, mas que agora, se admite, são importantes incidências na composição de respostas mais justas, sobretudo em contextos marcados por falhas estruturais e violências, como os que infelizmente conhecemos nos campos penal e socioeducativo”.
Realidades diversas
Principal autora da publicação, a assistente social e consultora do PNUD Abigail Silvestre destacou que o material foi construído em parceria com diversas equipes, incluindo colaboradores e colaboradoras dos Tribunais de Justiça, reunindo profissionais de diferentes regiões do Brasil. “É um levantamento bastante expressivo. É como um retrato conjuntural do lugar, do espaço, das atribuições que as equipes interdisciplinares ocupam nessas varas especializadas”, disse, salientando que a pesquisa inicial que deu origem à publicação foi realizada durante a pandemia de Covid-19, situação que reforçou a relevância do papel das equipes interdisciplinares.
Abigail também falou sobre a importância da interdisciplinaridade no sistema judiciário, pois, embora o conhecimento jurídico seja essencial, é necessário conhecimentos adicionais para lidar com a complexidade das questões enfrentadas. A consultora do PNUD falou sobre a importância da valorização dos diferentes saberes e da interconexão entre as instituições para garantir o acesso aos direitos, bem como um atendimento humanizado, independentemente dos atos cometidos, e que combata os estigmas e preconceitos que afetam indivíduos e suas famílias.
Psicóloga do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), Karla Souza abordou os desafios característicos de sua região, incluindo questões relacionadas à locomoção, de modo a exemplificar as condições que incidem na atuação dessas equipes. “A constatação da nossa realidade traz desafios específicos que precisam ser fixados em âmbito local. Atuar na Amazônia significa reconhecer uma diversidade imensa de povos, culturas e costumes, e com inúmeras dificuldades enfrentadas”, contou, destacando a importância da interdisciplinaridade e interdependência entre os e as profissionais para compreender e enfrentar os desafios diários.
Olhar singular
Representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Clarissa Paranhos Guedes enfatizou a importância da publicação e destacou as contribuições da psicologia jurídica para garantir direitos humanos, a promoção da cidadania e a escuta das singularidades das pessoas envolvidas no sistema de justiça.
“Chamo atenção para o desafio que é enfrentar a reordenação das nossas equipes em núcleos com atuação meramente pericial. Isso tem acontecido em alguns tribunais no nosso país e nós precisamos de equipes próprias especializadas, em número adequado, para garantir o mais importante da nossa atuação: a dimensão interventiva e a construção de projetos de cuidado, articulando o judiciário com as outras diversas políticas públicas”, comentou a psicóloga. Ela também defendeu a autonomia profissional da psicologia e a importância do concurso público para garantir condições adequadas de trabalho.
Além disso, Clarissa destacou a interlocução entre as diferentes categorias profissionais e a construção coletiva das normativas da psicologia. Clarissa encerrou sua fala reforçando o compromisso do CFP com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras categorias profissionais na busca por estratégias para enfrentar os desafios e promover a melhor atuação das equipes no sistema de justiça em todo o país.
A representante do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), Maria do Socorro Rocha Silva, ressaltou a parceria entre as profissões de assistência social e psicologia. De acordo com a profissional, a publicação não apenas oferece insights sobre o trabalho no judiciário, mas também é uma referência para diversas áreas, incluindo o sistema prisional, assistência social e saúde. “Para nós essa publicação é de uma alegria muito grande, porque neste documento há consonância com as nossas defesas históricas”, concluiu.
Sobre a publicação
A publicação foi elaborada a partir de mapeamento que identificou a caracterização das equipes, práticas, regramentos e dinâmicas locais. A segunda parte do produto destaca as atribuições e características das varas participantes do levantamento (Varas de Execução Penal, Varas de Execução e Medidas Alternativas, Varas da Infância e Juventude e Grupos de Monitoramento e Fiscalização).
A última parte do documento apresenta medidas de gestão para o fortalecimento do trabalho das equipes interdisciplinares.
Texto: Midiã Noelle
Edição: Débora Zampier
Agência CNJ de Notícias
The post CNJ lança publicação para fortalecer equipes interdisciplinares do Poder Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
26 DE SETEMBRO DE 2023
Prêmio Viviane Amaral: CNJ reconhece boas práticas na proteção das mulheres
A criação do Prêmio CNJ Juíza Viviane Vieira do Amaral, que está em sua terceira edição, não só reverencia...
Portal CNJ
26 DE SETEMBRO DE 2023
CNJ aprova regra de gênero para a promoção de juízes e juízas
Em uma decisão histórica e unânime em prol da equidade na magistratura brasileira, o Conselho Nacional de...
Portal CNJ
26 DE SETEMBRO DE 2023
Presidente do CNJ destaca que mutirão processual penal devolveu a liberdade a mais de 21 mil pessoas
Em apenas 30 dias de funcionamento, o Mutirão Processual Penal devolveu a 21 mil cidadãos e cidadãs brasileiros o...
Portal CNJ
26 DE SETEMBRO DE 2023
Plataforma dá acesso a precedentes judiciais para agilizar sentenças em casos recorrentes
O Banco Nacional de Precedentes (BNP/Pangea) está disponível para uso de magistrados e magistradas de todo o...
Portal CNJ
26 DE SETEMBRO DE 2023
Inscrições abertas para o I Congresso Gaúcho de Cooperação Judiciária que ocorrerá em outubro
Será realizado nos dias 19 e 20 de outubro o “I Congresso Gaúcho de Cooperação Judiciária – Estudo...