NOTÍCIAS
13 DE JANEIRO DE 2023
Artigo mapeia capacidade de resposta do direito penal a crimes praticados com criptoativos
Em “Persecução penal, regulação e desafios práticos dos criptoativos”, artigo publicado na mais recente edição da Revista Eletrônica do Conselho Nacional de Justiça (e-Revista CNJ), a conselheira do CNJ Salise Sanchotene e a pesquisadora Doris Canen apresentam as condições atuais de que o Sistema de Justiça dispõe para abordar um novo tipo de crime, cometido para lavar dinheiro por meio de transações de moedas virtuais, ou criptoativos. As autoras mostram como a evolução tecnológica impõe, ao direito penal, a necessidade de uma evolução institucional para que o sistema de Justiça consiga responder a essa nova face da criminalidade.
A crescente adoção das moedas virtuais e as suas particularidades comprometem a capacidade de o Estado regular as atividades realizadas no sistema paralelo de emissão e movimentação dos criptoativos. No artigo, as autoras tratam do uso da tecnologia blockchain para registro das transações realizadas com criptomoedas, um exemplo dos modos característicos de compra, venda, troca e armazenamento desses ativos. Traçam, ainda, um panorama da regulação do setor – incipiente, na avaliação das pesquisadoras – a partir das referências internacionais e dos normativos recentemente implantados no Brasil.
Aponta-se, como desafio para o sistema de Justiça, a necessidade de alinhamento conceitual entre as instituições brasileiras responsáveis por normatizar, fiscalizar, supervisionar e disciplinar os agentes desse mercado específico, que é utilizado para lavagem de dinheiro, por criminosos em países diferentes. As insuficiências do projeto de lei recentemente aprovado pelo Parlamento brasileiro para a atividade, e dos outros projetos de lei em tramitação no Legislativo, são analisadas sob a perspectiva da justiça criminal.
Estratégias usadas pelos criminosos para impedir o rastreamento das transações e seus autores, como o mixer e o chain hopping, prejudicam a persecução penal. A conversão e a avaliação dos criptoativos em moeda de curso forçado (aceita no país) são objeto de discordância entre instituições de regulação financeira, como a Receita Federal do Brasil, e os tribunais superiores. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre a competência da Justiça Estadual para julgar crimes relacionados a criptoativos também é problematizada pelas autoras do artigo.
Salise Sanchotene, doutora em direito público pela Universidad Autónoma de Madrid, e Doris Canen, mestra em direito pela King’s College London, analisam também as possibilidades de desenvolvimento de novos instrumentos legais e procedimentos que favoreçam sobretudo a persecução penal de quem usa esses ativos para lavar dinheiro em um ambiente seguro. A cooperação interinstitucional é uma experiência em curso nos Estados Unidos da América que poderia ser aproveitada no Brasil, assim como as parcerias com empresas especializadas e o incentivo à pesquisa científica na área.
As pesquisadoras defendem, ainda, a competência da Justiça Federal para abordar esses tipos de crime devido à transnacionalidade da prática e ao fato de que cabe à União legislar sobre transferências de valor, como as transações com criptoativos são interpretadas pelas autoras, uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e conselheira do CNJ, caso de Sanchotene, e outra professora de direito digital e tributação internacional, além de coordenadora de gestão de projetos da Corregedoria Nacional de Justiça, cargo atual de Doris Canen.
e-Revista CNJ
Editada semestralmente, a e-Revista CNJ publica artigos acadêmicos voltados ao Poder Judiciário e à prestação de serviços jurisdicionais no Brasil. A publicação segue requisitos exigidos pelo sistema Qualis-Periódicos, que é gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A produção do periódico é coordenada pela Secretaria Especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica do CNJ (SEP) e a organização fica a cargo do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ). A avaliação técnica dos trabalhos enviados é feita por pareceristas anônimos, com doutorado na área e indicados pelo Conselho Editorial da e-Revista do CNJ.
Texto: Manuel Carlos Montenegro
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
The post Artigo mapeia capacidade de resposta do direito penal a crimes praticados com criptoativos appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
17 DE FEVEREIRO DE 2023
Prazos processuais do CNJ são prorrogados durante o Carnaval
Por conta do Carnaval, os prazos processuais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que se iniciam ou se encerram na...
Portal CNJ
17 DE FEVEREIRO DE 2023
Ações em atenção às pessoas em situação de rua são debatidas na justiça de Sergipe
O desembargador do TRT da 20ª Região (TRT-20) e membro do Comitê Nacional PopRuaJud, Thenisson Santana Dória,...
Portal CNJ
17 DE FEVEREIRO DE 2023
Fonajus busca boas práticas dos Comitês Estaduais de Saúde para aplicar à judicialização
As boas práticas dos Comitês Estaduais de Saúde estão sendo reunidas e avaliadas pelo Fórum do Poder...
Anoreg RS
17 DE FEVEREIRO DE 2023
Em entrevista à Anoreg/BR, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, destaca a importância do Serp
O Serviço Eletrônico de Registros Públicos (Serp) foi regulamentado pelo Provimento nº 139/23 e permitirá a...
Anoreg RS
17 DE FEVEREIRO DE 2023
Dirigentes de entidades notariais e registrais visitam Presidência do TJ
O Presidente da Associação dos Notários e Registradores do RS (Anoreg-RS), João Pedro Lamana Paiva, convidou a...